Em 11 de novembro, 5 dias antes da aplicação das provas de matemática e de ciências da natureza do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, uma live no Youtube mostrou ao menos cinco questões quase iguais às que caíram na avaliação oficial. Algumas, inclusive, têm exatamente os mesmos números cobrados dos candidatos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Diante de relatos de candidatos nas redes sociais, o Inep afirmou que anulará três perguntas depois de “analisar relatos de antecipação de itens semelhantes aos aplicados nas provas”.
Edcley Teixeira, que vende serviços de consultoria a vestibulandos e que se identifica como um estudante de Medicina da periferia, afirma que adivinhou as questões na live dentro dos parâmetros legais, sem nenhum vazamento de material, apenas para “democratizar a educação”.
“A Polícia Federal foi acionada para apurar a conduta e autoria na divulgação das questões e garantir a responsabilização dos envolvidos por eventual quebra de confidencialidade ou ato de má-fé pela divulgação de questões sigilosas de forma indevida”, diz o Inep, em nota.
Uma das principais técnicas usadas na “adivinhação”, segundo o próprio “mentor”, foi memorizar questões do Prêmio CAPES Talento Universitário — prova opcional aplicada em concurso para estudantes do 1º ano de graduações. Edcley teria descoberto que essas perguntas serviriam como “pré-teste” para integrarem futuras edições do Enem. O Inep jamais confirmou qualquer associação entre esses dois exames.
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Diante da repercussão da live, alunos que participaram da prova neste ano levantaram, nas redes sociais, a suspeita de um possível vazamento da prova — e manifestaram temor de que a avaliação seja cancelada.
O “mentor” também alega ter estudado as chamadas públicas com os nomes das pessoas que produziriam e revisariam as perguntas do Enem. Ele teria as identificado e investigado os artigos científicos já publicados por elas.
A Polícia federal continua investigando o caso.


