Por: Leonardo Mascarenhas
O pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes foi protocolado no Senado com as 41 assinaturas exigidas para iniciar o processo. Mas isso não significa afastamento imediato. Para que o ministro seja efetivamente julgado, são necessários 54 votos favoráveis entre os 81 senadores, conforme determina a Constituição Federal e o Regimento Interno da Casa.
Faltam, portanto, 13 votos para que o impeachment avance no plenário. Coincidentemente, esse é o número do PT. Mas o verdadeiro obstáculo está no xadrez político e nas articulações de bastidores, onde contam mais as alianças e interesses regionais do que qualquer coincidência simbólica.
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Atualmente, o placar no Senado está assim:
- 41 senadores favoráveis (assinaram o pedido)
- 19 contrários ao impeachment
- 21 indecisos ou silenciosos
A oposição precisa obter 13 desses 21 votos para atingir os 54 necessários. Porém, muitos desses indecisos representam Estados governados por partidos de esquerda ou integram a base de apoio do governo Lula, o que torna improvável qualquer adesão ao impeachment.
É o caso de Ângelo Coronel (PSD da Bahia), Daniella Ribeiro (PSD da Paraíba), Eliziane Gama (PSD do Maranhão) e Zenaide Maia (PSD do Rio Grande do Norte), todos alinhados com governadores de esquerda em seus respectivos Estados. Da mesma forma, Jader Barbalho (MDB do Pará), Eduardo Braga (MDB do Amazonas) e Confúcio Moura (MDB de Rondônia) mantêm histórico de apoio à governabilidade federal e perfil institucional.
Renan Calheiros (MDB de Alagoas) é uma voz tradicional de moderação no Senado e também se mostra contrário ao processo.
Davi Alcolumbre (União do Amapá), que preside a Comissão de Constituição e Justiça, vem criando resistência em pautar o processo, indicando posição desfavorável ao avanço do impeachment. Mesmo tendo declarado que pode analisar o caso tecnicamente, suas atitudes práticas têm sido de obstrução e travamento da matéria.
A senadora Jussara Lima (PSD do Piauí), embora mais discreta, é alinhada ao governador Rafael Fonteles, do PT, o que sugere sua inserção no campo governista.
Outros nomes que ainda não se manifestaram, como Flávio Arns (PSB do Paraná), Laércio Oliveira (PP de Sergipe) e Soraya Thronicke (Podemos do Mato Grosso do Sul), vêm de Estados de perfil mais ao centro e poderiam ter maior liberdade para apoiar o processo. No entanto, permanecem silenciosos, mantendo margem de manobra para avaliar o cenário com cautela.
O impeachment, previsto na Constituição para casos de crime de responsabilidade, é um instrumento legítimo. Sua simples abertura já representa um marco simbólico, demonstrando desgaste institucional e insatisfação política.
Contudo, a aprovação está longe de ser garantida. Para avançar, será necessário que o debate ultrapasse a esfera puramente política e conquiste o apoio de setores econômicos influentes. Empresários, investidores e grupos que detêm poder financeiro no Brasil podem exercer pressão decisiva se sentirem que a estabilidade jurídica ou econômica está sendo comprometida.

Enquanto isso não acontece, o cenário atual aponta que o processo continuará no papel. Mas o jogo político pode virar. O número necessário é matematicamente possível. Resta saber se haverá coragem política e força externa suficiente para romper a inércia do Senado.

Por: Leonardo Mascarenhas
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