A Bahia se tornou um dos estados mais estratégicos para o crime organizado no Brasil. Enquanto a violência cresce e as facções criminosas consolidam seu domínio, o governo insiste em uma abordagem centralizada e burocrática, incapaz de responder à complexidade do problema. O resultado? Um estado dividido entre as maiores organizações criminosas do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), que travam uma guerra pelo controle do tráfico de drogas e da economia paralela.

Mas há uma solução – e ela está diante dos olhos do governo.
O Crescimento das Facções e a Importância da Bahia no Xadrez do Crime
O PCC nasceu nos presídios de São Paulo, enquanto o CV surgiu nas cadeias do Rio de Janeiro. Ambas as facções expandiram suas operações pelo país, dominando rotas do tráfico de drogas e impondo seu poder dentro e fora das prisões. Nos últimos anos, a Bahia se tornou um dos estados mais disputados por essas facções, não apenas pelo seu tamanho territorial, mas pela sua posição estratégica no tráfico internacional.
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Com portos importantes como Salvador, Ilhéus e Aratu, o estado é uma porta de saída para a Europa e a África, facilitando o transporte de grandes carregamentos de drogas. Além disso, as rodovias que cortam a Bahia conectam as regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste, servindo como corredores logísticos do crime.
A consequência dessa disputa é visível: Salvador e Feira de Santana estão entre as cidades mais violentas do Brasil, enquanto o interior do estado se tornou refém de facções locais associadas ao PCC e ao CV. Grupos como o Bonde do Maluco (BDM), Caveira, Comando da Paz (CP) e Tudo 3 atuam como braços operacionais dessas organizações, dominando bairros, favelas e até cidades inteiras.

O mais preocupante é que a guerra entre as facções pode estar perto do fim, mas não porque o Estado tenha retomado o controle. Pelo contrário: PCC e CV já sinalizaram uma possível aliança nacional, e a Bahia está no centro dessa articulação. Caso essa união aconteça, o crime organizado não precisará mais gastar recursos disputando territórios, mas sim expandindo sua influência e consolidando o tráfico internacional.
Diante dessa ameaça crescente, a pergunta que se impõe é: o que o governo da Bahia está fazendo para impedir esse avanço?

A Incompetência do Governo no Combate ao Crime Organizado
O problema da segurança pública na Bahia não é falta de efetivo policial. Não é falta de viaturas ou armamento. Não é falta de tecnologia. O problema é estratégico.
A Bahia é um estado gigantesco, com realidades criminais distintas em cada região, mas o governo insiste em administrar a segurança de forma centralizada, lenta e desarticulada. O secretário de Segurança Pública, em Salvador, não consegue acompanhar em tempo real tudo o que acontece no sertão, no litoral sul ou no oeste do estado. Essa distância da realidade operacional enfraquece a tomada de decisão e transforma a SSP em um órgão reativo, e não estrategista.
A criminalidade, por outro lado, é descentralizada, dinâmica e adaptável. As facções não precisam pedir autorização a um comando central para agir – elas têm liberdade para se reorganizar, ocupar novos territórios e explorar falhas do sistema.
Enquanto isso, a polícia precisa esperar ordens da capital para operações em cidades do interior, mesmo quando o problema é local e urgente. O governo da Bahia criou estruturas como os CPRs (Comandos de Policiamento Regional) e Corpins (Coordenadorias da Polícia Civil), mas essas divisões não possuem autonomia real para agir estrategicamente. Elas são apenas braços operacionais de um modelo que ainda depende exclusivamente de decisões vindas da cúpula em Salvador.

A Solução: A Criação de Subsecretarias Regionais de Segurança Pública
Se o governo deseja realmente enfrentar as facções, precisa adotar um novo modelo de gestão da segurança pública. A solução está na descentralização da inteligência e no fortalecimento do comando regional, através da criação de Subsecretarias Regionais de Segurança Pública.
Esse modelo garantiria que cada região da Bahia tivesse um subsecretário de segurança com poder real de decisão, capaz de agir rapidamente, integrar as forças policiais e adaptar as estratégias ao cenário local. A Bahia é grande demais para ser administrada de um único gabinete, e os criminosos sabem disso. Está na hora do Estado perceber também.
Com a implantação das subsecretarias regionais, a SSP não perderia o controle, mas ganharia eficiência. O secretário estadual teria informações organizadas e diretas, sem depender de um emaranhado de relatórios desconectados. O fluxo de dados seria otimizado, as operações seriam mais rápidas e as facções perderiam a vantagem que hoje possuem.
Esse modelo ainda não existe em nenhum estado brasileiro, o que faz da Bahia o território ideal para liderar essa transformação.
A proposta não surgiu por acaso. Ao longo dos anos, advogando para policiais militares e acompanhando a realidade da segurança pública na Bahia de forma direta, tive a oportunidade de compreender as falhas estruturais do modelo atual. A partir dessa experiência, rascunhei um projeto detalhado, considerando viabilidade, estrutura organizacional e formato de implementação dessa solução. Esse material está à disposição do governo, caso haja interesse em um debate sério e aprofundado sobre o tema.
Por Que o Governo Deve Levar Essa Ideia a Sério?
A Bahia não pode esperar o crime avançar ainda mais. Se o governo continuar apostando em modelos antiquados e centralizados, vai apenas assistir a consolidação do PCC e do CV no estado. A criminalidade não tem fronteiras, mas o Estado ainda está preso em burocracias.
A criação das Subsecretarias Regionais de Segurança Pública é um caminho viável, estratégico e inovador para combater essa guerra com inteligência e eficiência.
Essa proposta precisa ser amadurecida e discutida seriamente. E há quem possa contribuir com esse debate, trazendo detalhes operacionais e estratégias concretas para sua implementação. O Estado tem a oportunidade de mudar a história da segurança pública na Bahia – mas precisa agir antes que seja tarde.
“Não adianta o governo ter o baralho do crime e não saber as cartas do jogo.”

Leonardo Mascarenhas
Vivendo e Respirando o Direito há mais de 21 anos.
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