Precisamos Reconstruir o Centro Político do Brasil

Por Leonardo Mascarenhas

O Brasil cresceu, amadureceu, se diversificou. Tornou-se uma nação complexa, rica em desafios e em potencial. Mas, politicamente, ainda vivemos como se estivéssemos presos aos anos 80. A política nacional insiste em se dividir entre polos raivosos, entre extremos que se retroalimentam no ódio e sobrevivem de narrativas. E isso está nos destruindo por dentro.

De um lado, uma esquerda que se acostumou a governar com a máquina e que, ao menor sinal de perda de espaço, acusa todos de ameaça à democracia. De outro, uma direita que teve a oportunidade de liderar o país e desperdiçou tempo com teorias, provocações e despreparo técnico.

Nenhum dos dois lados representa mais o que o Brasil precisa.

A recente crise gerada pelas tarifas impostas por Donald Trump contra o Brasil é apenas mais um reflexo dessa polarização insana. A direita radical comemorou uma medida que atinge diretamente o produtor rural brasileiro, como se fosse um troféu político. A esquerda, por sua vez, respondeu com discursos vazios e com a mesma retórica de sempre, que já não mobiliza mais ninguém fora da sua bolha.

O país real ficou no meio. Mais uma vez.

Está na hora de virar essa página. Mas virar de verdade.

Quando falo em centro político, não estou falando do centrão fisiológico, que se vende por cargos e emendas. Estou falando de um novo centro. Um centro que precisa ser reconstruído, com responsabilidade, com conteúdo, com senso de Estado.

Um centro político maduro, que compreenda a grandeza e a complexidade do Brasil de hoje. Um centro que não grite, mas que governe. Que não se esconda em ídolos, mas que forme líderes. Que não negocie a ética, mas que saiba articular com responsabilidade.

Vejo sinais disso surgindo em políticos como Ronaldo Caiado, que tem defendido institucionalidade com firmeza, sem se curvar à polarização, e em Tarcísio de Freitas, que mesmo sendo um nome da direita, tem buscado uma postura técnica, equilibrada e propositiva. São sinais. Ainda são poucos. Mas apontam um caminho.

O centro que o Brasil precisa não é de conchavos. É de conteúdo. Não é de acomodação. É de coragem. É a política do equilíbrio, da construção, da racionalidade. E ela precisa ser resgatada.

Nosso país já é grande demais para ser governado por paixões. Já é complexo demais para aceitar líderes que agem por impulso ou por revanche. Chega de discursos de ódio. Chega de populismo. Chega de messianismo.

A hora é de maturidade política. De buscar líderes que saibam agir, e não apenas atacar. Que saibam construir, e não apenas dividir. O Brasil precisa, com urgência, de um novo centro político. E esse centro não vai nascer dos gabinetes de Brasília, mas da consciência de quem já entendeu que não dá mais para viver entre polos cegos e agressivos.

O futuro não está na guerra. Está no equilíbrio. Está no centro. Mas um centro de verdade. E o Brasil merece isso.

Leonardo Mascarenhas
Vivendo e respirando Direito há mais de 20 anos