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40 Anos de Axé: A História de um Ritmo Que Mudou a Bahia e a Homenagem aos Nossos Talentos

Conquista News
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Estou agora no Pisa na Fulô, um dos restaurantes mais tradicionais de Vitória da Conquista, ouvindo Betão cantar ao vivo. A música preenche o ambiente, a energia é contagiante, e não há como negar: o axé está vivo e pulsa no coração da Bahia. Mas algo me incomoda.

Este mês, o axé completou 40 anos. Quatro décadas de um ritmo que revolucionou o Brasil, que transformou o Carnaval de Salvador, que levou nossa cultura para o mundo. Quatro décadas da trilha sonora de tantas vidas, inclusive a minha, que nasci no mesmo ano desse movimento que mudou a música baiana para sempre.

E o que me incomoda? O silêncio.

Pouco se falou, pouco se comemorou, e parece que, na correria do tempo, muitos esqueceram de homenagear os artistas que construíram e sustentam essa história. Mas aqui, nesta noite, ouvindo Betão cantar, eu não posso deixar passar em branco.

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O nascimento do axé: um grito de liberdade baiana

Foi nos anos 80 que Salvador viu nascer algo novo. Misturando frevo, samba-reggae, ijexá, influências africanas e uma identidade única, o axé veio como uma explosão. Não era só música. Era uma revolução cultural.

Tudo começou com Luiz Caldas, que lançou, em 1985, a icônica “Fricote”, trazendo ao Brasil o bordão “Nega do Cabelo Duro”. Naquele momento, sem saber, ele inaugurava o gênero que logo ganharia as ruas, os trios elétricos e as festas de todo o país.

O Carnaval de Salvador nunca mais seria o mesmo. Bandas como Chiclete com Banana, Asa de Águia, Timbalada e É o Tchan transformaram a folia baiana no maior espetáculo a céu aberto do mundo. E a partir dali, ninguém segurou mais o axé.

Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Bell Marques, Durval Lelys e tantos outros fizeram desse som um patrimônio cultural da Bahia. O axé é alegria, é resistência, é identidade. E ele nunca morreu.

E aqui em Conquista? Nossos guardiões do axé

Em meio a tantas celebrações do axé pelo Brasil, quem lembra dos artistas que mantêm essa chama acesa em Vitória da Conquista? Quem presta homenagem aos nossos talentos, que seguem levando a essência dessa música para os palcos da nossa cidade?

Aqui, Fred Sampaio, Betão, Léo Preto, Kiribamba, Kátia Guima. Katia Flávia, são os guardiões do axé. São eles que, ano após ano, fazem essa música ecoar nos eventos, nas casas de show, nos carnavais, nos bares e restaurantes. São eles que nos lembram que o axé não pertence apenas às grandes estrelas, mas também aos artistas que vivem e respiram esse ritmo no nosso dia a dia.

Hoje, ouvindo Betão ao vivo, não posso deixar de agradecer a esses artistas. Se o axé chegou aos 40 anos, é porque músicos como eles não deixaram essa história morrer.

O axé não precisa de uma data. Ele precisa ser vivido.

Mais do que um gênero musical, o axé é a alma da Bahia. E, enquanto houver um artista tocando um acorde desse som, enquanto houver um trio elétrico pronto para desfilar pelas ruas, enquanto houver um conquistense como eu sentado num restaurante tradicional ouvindo Betão cantar, o axé estará vivo.

Se os holofotes esqueceram de comemorar, nós não esqueceremos. Parabéns ao axé. Parabéns a Fred Sampaio, Betão e Kátia Guima. Parabéns a todos que mantêm esse legado.

Que venham mais 40 anos, porque o axé nunca sairá de cena.

Leonardo Mascarenhas
Vivendo e Respirando o Direito há mais de 21 anos e o axé há 40

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