Operação Overclean: Quem são os outros?

Por: Leonardo Mascarenhas

Hoje, Vitória da Conquista amanheceu sob o impacto de uma operação da Polícia Federal que expôs mais uma vez a fragilidade da política local. A condução ou prisão de um ex-chefe de gabinete da Prefeitura, atualmente ocupando uma das secretarias mais relevantes do município, traz à tona um questionamento inevitável: se as suspeitas de desvios forem confirmadas, será que realmente tudo aconteceu sem o conhecimento ou envolvimento de outras pessoas no governo?

É importante destacar que o cargo de chefe de gabinete não opera verbas ou contratos diretamente. Sua função está na articulação e na influência dentro do governo. Justamente por isso, a prisão ou condução de alguém que ocupou tal posição gera inquietações. Se as suspeitas forem comprovadas, a lógica aponta que seria improvável que tudo ocorresse sem que outros tivessem ciência ou participação. E aí surge a pergunta: quem são os outros?

Não é a primeira vez que vemos lideranças alegarem desconhecimento diante de irregularidades envolvendo figuras-chave de seus governos. Na política nacional, o Presidente Lula enfrentou duras críticas quando afirmou desconhecer os esquemas de corrupção de aliados próximos. Na época, o discurso não convenceu boa parte da população.

Agora, nos perguntamos: será que a prefeita de Vitória da Conquista adotará a mesma postura? Alegará que não sabia de nada sobre as supostas ações de alguém que esteve entre seus mais próximos colaboradores? E, mais importante, será que a justificativa será aceita?

Liderar é muito mais do que colher os frutos de bons resultados. Liderar é assumir a responsabilidade pela equipe que se escolhe e pela gestão que se comanda. Quando os sucessos aparecem, os líderes são os primeiros a recebê-los. Mas, quando surgem escândalos, rapidamente se distanciam. Por que ainda aceitamos isso como normal?

As investigações continuam, e a população deve exigir respostas claras. Que nenhuma desculpa pronta seja usada para encobrir a verdade. Mais do que nunca, a pergunta precisa ser feita: quem são os outros?

Leonardo Mascarenhas
Vivendo e Respirando o Direito há mais de 21 anos