Em meio ao aumento das tensões entre o Executivo e o Legislativo, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se reuniu neste sábado (14) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada, em Brasília. O encontro durou mais de duas horas e contou com a presença dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), além do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A reunião foi convocada após uma semana conturbada, marcada por reações negativas ao novo pacote fiscal anunciado pela equipe econômica do governo. As medidas, divulgadas por meio de uma medida provisória e um decreto presidencial na quarta-feira (12), visam alcançar as metas fiscais de 2025 e 2026. Entre as mudanças, estão:
Aumento da tributação sobre as apostas esportivas (bets);
Maior carga tributária para fintechs (como bancos digitais);
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Tributação mais rígida sobre investimentos incentivados, como LCIs e LCAs;
Aumento dos impostos sobre juros sobre capital próprio (JCP), forma usada por empresas para distribuir lucros;
Mudanças na cobrança do Imposto de Renda sobre investimentos.
Do entusiasmo à crise política
No último domingo (8), algumas dessas medidas já haviam sido apresentadas a líderes partidários na residência oficial de Hugo Motta. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saiu otimista do encontro, que Motta classificou como “histórico”. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também destacou a importância do diálogo.

Contudo, o clima de entendimento durou pouco. Já na segunda-feira (10), Motta declarou que o Congresso não havia firmado qualquer “compromisso” com a aprovação do pacote. Durante a semana, a resistência aumentou. Sob pressão do mercado e da opinião pública contra o aumento de impostos — e diante das cobranças por liberação de emendas parlamentares —, o Centrão passou a afirmar que “nunca concordou” com as medidas.
Na contramão, Fernando Haddad seguiu defendendo o pacote. Na quinta-feira (13), criticou o que chamou de postura desleal de alguns parlamentares e reforçou que todas as medidas têm embasamento técnico e corrigem distorções econômicas.
“É até desleal da parte de algumas lideranças atacar o governo. Metade da construção civil desse país é o Minha Casa, Minha Vida, que havia sido extinto no governo anterior. Vamos deixar a ideologia de lado e abrir os números para a população”, declarou Haddad. “O que não pode é xingar e sair correndo. Isso é comportamento de moleque de rua.”
Já na sexta-feira (14), Hugo Motta informou que a Câmara deve votar na próxima semana a urgência de um projeto para barrar as novas regras de cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Caso avance, a proposta pode reverter parte das mudanças e dificultar ainda mais o alcance da meta fiscal pelo governo.
O desfecho das negociações segue incerto, e o governo busca agora recompor pontes com o Congresso para garantir a aprovação do pacote e manter a credibilidade da política fiscal.

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