Rapper Sean Combs, também conhecido como P. Diddy ou Puffy Daddy está com julgamento marcado para dia 5 de maio em processo federal nos Estados Unidos; professor de direito internacional da USP, Solano de Camargo explica trâmites da justiça norte-americana
O julgamento de Sean Combs, rapper magnata da música também conhecido como Diddy, P. Diddy ou Puffy Daddy, já tem data para acontecer: 5 de maio de 2025. O artista, de 55 anos, está preso enquanto aguarda julgamento em um processo federal nos Estados Unidos em que é acusado de tráfico sexual, extorsão, conspiração e transporte para se envolver em prostituição.
Ele se declarou inocente no Tribunal Federal de Manhattan, em Nova York, horas depois que a acusação de 14 páginas foi divulgada, no dia seguinte à sua prisão, em 16 de setembro.
O gshow conversou com Solano de Camargo, Professor Doutor de Direito Internacional Privado na Faculdade de Direito da USP, e, a seis meses do julgamento de Diddy, explica o que pode acontecer.
Espera “rápida” por julgamento
A data do julgamento foi determinada pelo juiz quando Sean Combs se apresentou em uma audiência preliminar em Nova York em outubro. De acordo com o professor, era esperado que ele não passasse tanto tempo à espera de ser julgado.
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“Nos Estados Unidos, eles consideram que o réu tem direito a um julgamento rápido. Todo o sistema judiciário trabalha em prol de julgar o mais rápido possível. A visão deles é justamente pra fazer com que o réu não sofra. Eles consideram que a existência do processo criminal é uma pena em si. Então, portanto, ele tem de direito a ter um julgamento no menor prazo possível”.
Tempo de julgamento
O professor explicou ainda que, pela natureza do crime, as provas devem girar principalmente em torno do depoimento de muitas testemunhas.
“A depender da situação, ele pode levar meses. Como pode levar semanas, como pode levar dias, aí vai depender muito da estratégia da promotoria e da estratégia da defesa. É difícil dizer neste momento. Nós vamos saber quando, justamente, as partes puderem se manifestar”.
Júri como estratégia
De acordo com o professor, é grande a probabilidade de que Diddy enfrente um júri em seu julgamento, até como estratégia de sua defesa.
“Nos Estados Unidos, os réus em processos criminais federais têm direito constitucional a julgamento por júri, isso é garantido pela sexta emenda. Um conjunto de pessoas representantes do povo, lá em Nova York, vai ser responsável por avaliar as evidências e determinar o veredito. O juiz preside o caso, mas a decisão final sobre a culpa ou a inocência vai ser tomada pelo júri, justamente com as provas apresentadas no julgamento”.
“No caso de Nova Iorque, na corte federal, é por júri, 12 jurados, e a decisão tem que ser unânime. Então, na verdade, normalmente, ele precisa de uma pessoa que não concorde com o veredito, então não é fácil, no sistema americano, uma condenação por júri. Normalmente, praticamente 100% das vezes, os advogados recomendam para o cliente que prefira o julgamento por júri.”
Pode ser julgado antes, por outros processos
Em paralelo a este processo pelo qual está preso, de acordo com a BBC, há pelo menos duas dúzias de processos contra o rapper. Há ainda mais de uma centena de acusações que já foram feitas contra o artista e também podem virar processos (criminais e civis — que seriam ações reparatórias, de indenização) contra ele.
Sendo assim, Combs pode ser condenado nas demais disputas em que é acusado antes de ser julgado no processo pelo qual está preso. Segundo o professor, isso é possível porque são acusações que cuidam de um único fato na visão da vítima. No caso da acusação federal, está em xeque todo o comportamento do artista.
“Pelo sistema legal dos Estados Unidos, ele tem direito a recorrer da sentença que for proferida, quaisquer que sejam as condenações, ele vai tentar recorrer. O que pode acontecer é que essa condenação saia em qualquer processo a qualquer momento”.
Relembre o caso
O mundo do entretenimento tem um grande assunto atualmente: as acusações contra Sean Combs, rapper magnata da música e também conhecido como P. Diddy ou Puffy Daddy ou Love. Ele foi preso nos Estados Unidos, no dia 16 de setembro, e, desde então, uma enxurrada de acusações e especulações não para de aparecer.
O artista foi preso por suspeita de tráfico sexual, extorsão, conspiração e transporte para se envolver em prostituição. O rapper, de 54 anos, se declarou inocente no Tribunal Federal de Manhattan, em Nova York, horas depois que a acusação de 14 páginas foi divulgada.
Apesar de seus advogados estarem tentando tirá-lo da prisão com pedidos de fiança, se o relaxamento não for concedido, o rapper permanecerá sob custódia enquanto aguarda julgamento neste processo.
A acusação da Homeland Security (agência do governo norte-americano) é que Combs seja o mentor de uma empresa criminosa em expansão desde, pelo menos, 2008. Essa empresa estaria envolvida em sequestros, trabalho forçado, incêndio criminoso e suborno.
Combs teria usado força, ameaças e coerção para manipular mulheres para o que ele chamou de “freak-offs”: que seriam “desempenhos altamente orquestrados de atividade sexual” em locais abastecidos por drogas e que podiam durar dias.
Segundo esta acusação, Combs assistia a esses eventos, às vezes enquanto se masturbava e gravava vídeos e usou essas gravações como garantia para manter uma cultura de silêncio e obediência.
Não foi especificada quantas mulheres seriam as supostas vítimas neste processo e nem se tornou pública alguma alegação de que ele teria abusado sexualmente delas, embora seja acusado de agressões físicas.
O que diz Sean Combs e sua defesa?
O cantor se declarou inocente na corte de Nova York, em uma audiência de fiança após ser preso. Em um comunicado divulgado, disse: “Deixe-me ser absolutamente claro: não fiz nenhuma das coisas horríveis que estão sendo alegadas. Lutarei pelo meu nome, pela minha família e pela verdade.”
De acordo com a Reuters, em uma possível prévia de estratégia de defesa, o advogado de Sean Combs, Marc Agnifilo, chamou a atividade sexual descrita como “consensual”.
“Todo mundo tem experiência em ser íntimo dessa maneira? Não. É tráfico sexual? Não. Não se todo mundo quiser estar lá”, disse ao juiz.
Qual pena Sean Combs pode pegar se for julgado culpado?
Se condenado pelos três crimes (conspiração de extorsão, tráfico sexual e transporte para se envolver em prostituição), o artista pode enfrentar uma sentença que vai até prisão perpétua (prerrogativa da lei norte-americana), com um mínimo de 15 anos.
Onde Sean Diddy Combs está preso?
Ele está em um centro de detenção federal no Brooklyn, em Nova York, até o julgamento, mas seus advogados ainda tentam apelar. O Centro de Detenção Metropolitano abriga mais de 1.200 pessoas e tem reputação de “más condições”, de acordo com o The New York Times. No local, ele foi levado para uma unidade habitacional especial.
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