
O mês de fevereiro marca a volta às aulas das escolas públicas de todo país. A partir deste ano, os alunos vão encarar uma novidade: não poderão utilizar o celular durante todo o período de permanência na unidade de ensino, de acordo com uma nova legislação federal.
O que aconteceu
Em 13 estados, os alunos estarão proibidos de usar os celulares a partir do primeiro dia de aula. Os governos do Acre, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais e do Rio de Janeiro disseram
que vão aguardar a regulamentação do MEC, que precisa ocorrer até 13 de fevereiro. O Maranhão informou que terá um processo gradual de implementação — outros oito estados não responderam à reportagem.
Sem regulamentação do MEC, estados têm criado suas próprias medidas. São Paulo, que sancionou uma lei em dezembro sobre o tema, divulgou as regras para as escolas estaduais. Entre elas, está a de manter o celular e outros dispositivos eletrônicos “em local inacessível” ao estudante.
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As escolas paulistas não vão se responsabilizar por “eventuais extravios ou danos aos equipamentos”. Os responsáveis devem ser informados sobre os canais de comunicação e os horários de atendimento para “promover confiança e assegurar bem-estar”, diz o governo.
O documento paulista divulgado aos gestores prevê medidas em caso de descumprimento. Se o aluno insistir em ficar com o celular, o professor ou um funcionário deve comunicar a direção escolar. Em caso de reincidência, o estudante deve ser chamado pela direção e, em um segundo momento, os pais devem ser convocados. Caso a família não compareça ou não justifique a falta, o Conselho Tutelar pode ser acionado.
Ceará, Espírito Santo, Bahia, Paraná e Piauí deixarão escolas escolherem como celular será armazenado. O objetivo, segundo as redes de ensino, é que as unidades cheguem a um consenso com a comunidade escolar. No Paraná, uma escola instalou uma caixa com chave para guardar os celulares da turma.

No Amapá e em Pernambuco, a orientação é que os estudantes deixem o aparelho na mochila. “Quando as aulas iniciarem, haverá ações de sensibilização relacionadas à exposição excessiva de telas junto aos estudantes e às famílias”, afirma a secretaria de Educação pernambucana. O Amapá diz que decidiu por essa opção “por questões de segurança”.
Nenhuma rede de ensino proíbe os estudantes de levarem o celular para a escola. A legislação trata sobre o uso e não o porte do aparelho — a primeira versão do projeto de lei federal vetava que os estudantes levassem o celular.
A legislação federal está em vigor desde sua publicação, em 13 de janeiro, segundo o governo Lula. O Ministério da Educação tem 30 dias para fazer a regulamentação da lei — a reportagem pediu uma previsão, mas o MEC não informou. “O ministério trabalha na elaboração de materiais de orientação e guias específicos voltados às secretarias de Educação, às escolas e às famílias, com orientações claras sobre a aplicação da lei”, disse em nota.
Proibição atinge estudantes de toda a educação básica, que vai até o ensino médio. Segundo o governo federal, o celular está liberado para situações de perigo, para garantir a inclusão ou para atender a questões de saúde — alguns alunos usam o usam o aparelho para medir a glicemia, por exemplo.
Ao UOL, as redes de ensino informaram que estudam discussões com os alunos sobre o uso excessivo das telas. Os estados afirmam que planejam, com os conselhos de educação, palestras e momentos de acolhimento para os estudantes. A lei federal prevê que as escolas devem atender os adolescentes e jovens que “estejam em sofrimento psíquico e mental decorrentes do uso imoderado de telas” e pela nomofobia, que é o medo irracional de ficar longe do celular.
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